PORTANTO CONTAREI PRIMEIRO O MAIS ANTIGO.
As crianças eram pequenas, e tinhamos uma enorme plantação de milho, e visitando a mesma percebi que havia muito milho colhido por alguém estranho.
Examinando com mais atenção encontrei a trilha do elemento que me furtava o milho entrava na mata, e acompanhado do meu filho David, entramos na mata seguindo uma picada aberta que nos levava à casa do vizinho.
Em certa altura percebi que outra picada estava sendo trabalhada e analizando a direção dela, tive a certeza que o destino seria o meu andaime de feijão. "Maldito ladrão", exclamei com muita ira e meu filho me corrigiu dizendo: ___Pai, o senhor agora é crente.
Seguimos em frente e cheguei à margem do rio e vi no terreiro de uma casa uma enorme quantidade de palha de milho verde, uns barrigudinhos correndo de uma lado para o outro e meu filho me disse que ali morava o J... e que as crianças eram colegas dele de escola.
Nisso sai da casa armado de um afiado penado o filho mais velho do J. ameaçando me matar se eu atravessasse o rio. Fiquei num dilema muito grande. Encontrei o ladrão de meus milhos e ainda sou obrigado a sair de fininho porque ele armado me ameaçava, e meu filho repetia: ___Pai o senhor agora é crente.
Repito fiquei num dilema muito grande, era só ir em casa, pegar meu .45 e resolvia aquele problema.
Falei para o moleque armado de penado, que ele deveria agradecer a Deus de que agora eu era crente pois bastava ir em casa pegar a arma e nenhum deles ficariam vivos até o dia seguinte.
Pararam de roubar pelo menos.
Passaram-se os anos, sofri um acidente, perdi a memória, e aos poucos ela esta voltando, Graças a Deus. Viajando vi uma igrejinha Assembleia de Deus a cavaleiro da estrada , resolvi participar do culto ali tendo em vista que minha agenda estava aberta naquele dia.
Fomos bem recebidos, e minha esposa conversou muito com o dirigente da igreja, e me dizia você o conhece. Mas eu ficava pensando de onde eu o conheço?
Sentado ao lado dele no púlpito o examinava, olhava e pensava de onde eu o conheço?
Ele deu um glória Deus e a minha mente estalou e uma imagem veio ao meu pensamento...
É o moleque do penado! O ladrão de milho! Jesus o salvou e ali estava, era o dirigente da congregação.
Se o tivesse matado por causa de meia duzia de espigas de milho que estrago teria feito na obra de Deus?
Pedi perdão a ele, perdoei-o nos abraçamos encima do púlpito na frente de toda igreja, choramos juntos e a Glória de Deus invadiu o lugar...
O SEGUNDO FATO MARCANTE
ACONTECEU quando fui chamado pelo Vicente[meieiro da roça de milho] para ver o estrago que um certo "fulano" morador da Rocinha havia feito na plantação de milho.
Lá vamos nós até a Rocinha tirar satisfação com o camarada. Cheio de autoridade, ameacei-o, e falei algumas palavras pesadas e fui embora cuspindo fogo.
Passam-se alguns anos, sofro um acidente, uma pedra de esmeríl, abre a minha cara, arranca meu olho esquerdo e grito desesperado por socorro.
Meu vizinho vem com o trator e tenta me ajudar, mas o trator é lerdo demais para andar. Para um outro camarada num fusca, ele só pode me levar até a Rocinha pois não tendo carta de motorista não pode entrar no asfalto.
Me leva até a Rocinha, e agora?
Sai procurando alguém que me possa socorrer e levar para o hospital...
Vem um rapaz com o seu carro, me ageita com cuidado, o sangue escorre, a toalha de banho encharcada de sangue sujando tudo em volta... Uma corrida desesperada contra o tempo...
Não sei o que está acontecendo ao certo, estou cego, só ouço o barulho em volta e obedeço às vozes.
Entro no hospital Frei Galvão em Guaratinguetá-SP quase morto, os plantonistas pouco fazem por mim, mas entra um médico Dr. Claret[já falecido] que me conhecia e começa a me socorrer.
Quase morto canto o hino 10 da Harpa Cristã, Jesus me visita, tira minhas dores estanca o sangramento, começo a me recuperar, e depois de oito dias deixo a UTI, vou para o apartamento onde fico 40 dias. Tenho alta, volto para casa e num culto na casa da irmã Fátima Samuel[falecida] Deus usa a irmã Clélia Madalena e me dá uma vista de volta...
Em meu coração ardia o desejo de agradecer o "homem que me levou para o hospital"
Vou para a Rocinha, pergunto prá um e prá outro e fico sabendo quem era...
Era o "fulano da roça de milho"...
Dei-lhe uma afetuoso abraço e rogo a Deus que o salve também...
O TERCEIRO FATO MARCANTE NA ROÇA DE MILHO
Aconteceu no ano passado.
Depois de anos sem plantar, o mato tomou conta de toda área produtiva e estava pouco importando, pois os filhos já crescidos, alguns casados e nenhum deles mostrava interesse em permanecer na roça. Não se tem incentivo algum por parte daqueles que deveriam incentivar o homem do campo a permanecer no campo.
Não se pode isso, nem aquilo, nem aquilo outro, insumos caros, sementes caras, mão de obra escassa e desqualificada.
Mas no ano passado compramos um trator Tobata e comecei a limpar novamente o sítio dentro das novas normas de preservação do campo.
Rocei, arei, gradiei, preparei o solo e semeei milho. Todos os dias ia verificar, e me alegrei quando começou a germinar e crescer.
A plantação estava bonita, o verde tomou conta da terra de um lado a outro. Estava feliz pois novamente poderia ter minhas galinhas e outros animais e com isso fartura de alimento na mesa.
Precisei viajar, fiquei quatro dias fora e voltei pensando que o milho já deveria estar no ponto de aparecer as espigas.
Como cheguei tarde da noite, pela manhã após o café subi o morro todo esperançoso...
O cenário que encontrei foi terrível...
Aproximadamente umas cinquenta cabeças de gado pastavam na minha roça de milho tranquilamente.
Um nó apertou a minha garganta e espantei o gado para ver para que lado ia... Tomaram rumo da cerca da visinha e fique observando o que ia acontecer, a cerca estava em pé...
A primeira cabeça de gado empurrou o mourão e toda a cerca foi ao chão dando passagem a todos eles e depois retornou à posição normal.
Mandei chamar o dono do gado...
Já se passaram meses e estou esperando pelo mesmo e não sei por onde anda...
Sumiu o dono do gado e o gado também desapareceu.
Derrubei a cerca velha e levantei uma cerca de sete fios de arame liso, mourão tratado, ladeada por uma outra cerca elétrica caprichada.
Este ano se Deus quizer como milho verde pensei...
Hoje tive o prazer de comer a primeira espiga de milho Graças a Deus
Obs:Me reservo ao não revelar os nomes dos mesmos, pois os considero muito mais dignos do que eu.
Moisés Moreira 13fev2012 21hs
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